MÃE É MÃE, MESMO DEPOIS DE MORTA

Quem diz essa frase é uma personagem da peça Dora não pode morrer, que escrevi por ter negado a doença que tive. A peça me fez descobrir uma sanidade imaginária a que todos estamos sujeitos e que pode dificultar a cura.

Mas a frase diz respeito ao amor sem limite da mãe, cuja tendência é responder a todas as demandas do filho. Trata-se de uma tendência que não é vantajosa para ela e nem para ele, que precisa de limites. O não lhe é tão necessário quanto o sim. A verdadeira mãe é aquela que sabe dizer não a si mesma sempre que se sente tentada a satisfazer os caprichos do filho

nadinha

Niki de St. Phalle passou a vida retratando as mulheres. La mariée, de 1963, é uma imensa escultura branca de gesso representando a mulher casada. Dá uma imagem trágica do casamento. Niki faz o branco sangrar, enfatizando de várias maneiras o cansaço da mulher. Sua cabeça pende para um lado e, no lugar dos seios, há dois buracos – como se, de tanto amamentar, ela tivesse perdido a seiva vital. Dos ombros à cintura, a mulher está coberta de objetos evocativos da infância: bonequinhos, sapatinhos, revólveres e miríades de pequenos animais. Difere das Moças (Les nanas), que são sua marca registrada: volumosas, coloridas, enormes, elas enfeitam e alegram praças públicas pelo mundo.

Nikki de Saint Phalle, “As três graças”, escultura, fibra de vidro, 1999.