PARA SER SÉRIO É PRECISO BRINCAR

A ideia de que para ser sério é preciso brincar  implica que a seriedade não pode ser confundida com a sisudez. Ou seja, só é sério quem não se toma tão a sério a ponto de nunca duvidar de si mesmo e de se tornar dogmático.

Freud se questionou continuamente ao longo da vida, dando exemplo de seriedade. Não teve medo de não ser levado a sério por quem precisava de certezas absolutas para acreditar nele. O seu saber não era o dos que estavam comprometidos com uma verdade estabelecida, mas com o desejo de saber.

nadinha

Há na minha rua uma mendiga que é um verdadeiro estorvo. Senta-se todos os dias no mesmo banco e diz em alto e bom som para quem passa: “– Uma moedinha, por favor”. Se a pessoa dá a moeda, ela agradece. Se não dá, ela se queixa resmungando. Como sou obrigada a passar por ela, finjo que não escuto e vou em frente. A mendiga não tem nada além do desejo tenaz de sobreviver, mas tem o poder de me transformar, todos os dias, numa pessoa generosa ou avarenta.

Pablo Picasso, “Mulher chorando I”, gravura ponta seca em metal © Fundação Beyeler, Riehen/ Basileia/ Suíça; Succession Picasso/ VBK, Viena/ Áustria, 2010.