consulta com Betty Milan

 O AMANTE DESEJA CONTENTAR O AMADO

Namoro um homem divorciado, pai de um garoto, que não teve uma boa experiência com o nascimento do filho. A ex-mulher priorizou a criança e ele se sentiu abandonado. A ponto de se divorciar. Estamos juntos há três anos e somos felizes. Mas ele diz que não quer mais ser pai.

Tenho 34 anos e ser mãe sempre foi o meu grande sonho. Desde que nos conhecemos, eu espero que ele mude de ideia e, de repente, ele disse claramente que não mudará. Há alguns meses, comecei a entrar numa crise séria, que está me levando à depressão. Sinto que devo abandoná-lo e procurar um homem que aceite o meu desejo de ser mãe. Mas eu já não sou tão nova… Temo não encontrar esse homem e depois me culpar por ter perdido o meu grande amor.

Devo esperar que ele mude de ideia? Devo partir para um terreno incerto? Acordo todas as noites com esse dilema e a vontade é de sumir, começar vida nova, trabalho novo numa cidade nova.

 

O seu namorado é um homem que não quer ou não pode satisfazer o seu sonho de ser mãe. Será mesmo que ele é o seu grande amor? Quando duas pessoas se amam verdadeiramente, o desejo de uma é o desejo da outra. Satisfazer o desejo do amado é o maior desejo do amante. O entendimento é a sua vocação profunda.

Entre o namorado e você não há entendimento sobre uma questão fundamental — a que diz respeito à descendência. Para aceitar a recusa dele, você precisa abrir mão de ter filhos e isso parece não ser possível. O primeiro passo, portanto, é conversar, a fim de saber se a recusa é definitiva ou se pode ser reconsiderada. Conversar já, dizendo que você não tem como renunciar à maternidade.

Em função da conversa, você decide se fica com ele ou se parte para outra. Aos 34 anos, ainda pode encontrar quem satisfaça o seu sonho. E, se não encontrar, você terá tentado em tempo hábil, ou seja, em tempo de conceber e dar à luz sem maior dificuldade. A vida também é uma equação que a gente monta e a felicidade depende muito da montagem. Não perca tempo fantasiando o sumiço. O que importa agora não é mudar de cidade, mas de parceiro, se for o caso. Isso requer coragem e energia.

O amor é o que existe de melhor, só ele move o sol e as estrelas. Já o sentimentalismo, que leva a perpetuar uma situação infeliz, é danoso e precisa ser evitado. Decorre da nossa tendência masoquista e da educação da mulher, que, ainda hoje, a predispõe ao sacrifício de si mesma. Vá em frente e marque a conversa com o namorado. Até porque esta é a única saída. O futuro não depende só de você, mas ele está nas suas mãos. E, como diz o adágio popular, quem não arrisca não petisca. Melhor não ter conseguido o que a gente queria do que não ter sequer tentado conseguir.

 

Publicado em Quem ama escuta