Quem não deseja deixar de ser quem é?

No Carnaval, não há atores e espectadores como no teatro, só foliões, a maioria deles fantasiada. O Carnaval  é a prova do quanto nós desejamos nos transfigurar – não para encarnar uma personagem, como no teatro, mas para dançar e inventar a coreografia.

A liberdade requer a transfiguração, e é por isso que o Carnaval e o teatro não deixarão de existir.

 

nadinha

Entre os quadros de Léger há, no Centre Georges Pompidou, em Paris, um desenho de 1948 que se chama Os ciclistas. Olhei primeiro o desenho e depois o título. Voltei para o desenho a fim de identificar os ciclistas. Nessa volta, o que de fato contou foi ver que Léger representou os ciclistas como nunca antes: fez valer o seu estilo e reafirmou a importância da originalidade na arte, que implica a liberdade do artista.

“Alegorias e adereços”, Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, Rio de Janeiro, Carnaval de 1981, foto de Jorge Bodansky