consulta com Betty Milan

Eternamente insatisfeita

Já fui noiva duas vezes e desfiz os dois noivados, causando muito sofrimento à outra parte. Depois disso, amarguei sete anos de relacionamentos que me fizeram sofrer muito. Atualmente, namoro um homem dez anos mais velho do que eu, divorciado, que já tem filhos. Ele não estava a fim de se casar de novo e ter mais filhos antes de me conhecer e ainda diz que acha difícil lidar com isso. Estou louca para formar uma família. Quero me casar com cerimônia religiosa e tudo a que tenho direito. Ficar barriguda, parir, amamentar…

Como os meus objetivos e os dele são diferentes, já tentamos nos separar, mas não conseguimos, pois nos amamos. Como conciliar um amor tão grande com o meu desejo da maternidade? Estou com quase 40, preocupada com o meu relógio biológico e com a nossa felicidade.

 

Dois noivados desfeitos, quando podia ter se casado e constituído família facilmente. Sete anos procurando o amor sem encontrar. Agora que encontrou, não está contente, porque o amado não quer se casar de novo e ter mais filhos. Eu poderia concluir que você só quer o impossível.

Seja como for, separar-se de um parceiro que você ama para esperar marido aos 40 anos é trocar o certo pelo duvidoso e correr o risco de ficar a ver navios. Forçar o parceiro a se casar e ser pai não é aconselhável. O filho precisa ser desejado.

Não é dado a todo mundo constituir família. Por que não aceitar o possível e procurar uma solução para a sua vida que não seja a de ficar barriguda, parir e amamentar? Há tantas outras maneiras de satisfazer o desejo da maternidade. Desde que a pessoa tenha imaginação, não é preciso engravidar para se realizar como mãe.

Amar é preciso, parir, não. Trata-se de uma paráfrase de “Navegar é preciso; viver não é preciso”, frase comumente atribuída a Fernando Pessoa, mas anterior a ele. A frase circulava na Liga Hanseática, formada por navegantes e mercadores germânicos(65).

Navegar é tão importante que os reis vikings – ancestrais dos suecos, noruegueses e dinamarqueses – faziam-se enterrar nos próprios navios por acreditarem que, além da morte, existia uma vida. E, para alcançá-la, era preciso navegar.

Que tal desistir do impossível e ousar o mar, apostando sem medo na aventura do amor?

  

AMAR É PRECISO

PARIR NÃO É PRECISO

 

Publicado em Fale com ela