consulta com Betty Milan

RAPIDINHO

Apesar da minha idade, 37 anos, não tenho muita experiência no amor. Nunca namorei de verdade. Tive alguns ficantes, relacionamentos rápidos, e eu agora quero namorar, amar e ser amada.

Atualmente, estou apaixonada por um homem. Nós nos conhecemos e ficamos juntos. Rolou sexo algumas vezes, mas eu sofro por não ser correspondida do jeito que espero. Ele me trata só como uma amiga e isso acaba comigo. Preciso expressar carinho e afeto e ele não deixa. Não sei se fico ou se me afasto. Gosto dele e estou sofrendo.

 

Que tal gostar mais de você do que dele e se afastar rapidinho? Se o que você quer é um namorado, não adianta ficar e mais ficar. Você quer namorar, mas ele não quer. De que vale insistir?

Sem um mínimo de pragmatismo, o amor não acontece. Não é para correr atrás, só que é preciso estar atenta. O amor é como uma boa idéia. Quando passa pela cabeça, a gente tem que agarrar. Ninguém garante que ela passe uma segunda vez.

A prontidão é tão importante no amor quanto na poesia. Como escreveu Neide Archanjo num dos poemas de Poesia na praça, “o verso é rápido e premente”. A rapidez e a premência a que a poeta se refere são genialmente representados pela flecha de Cupido, o deus romano do amor.

O melhor do amor é que ele surpreende. Quando o amado menos espera, ele é flechado, e o mundo já não é o mesmo. O amado enxerga o mundo com olhos de criança, descobrindo que a surpresa mora na esquina, como dizia André Breton.

Fique atenta e você saberá o que fazer na hora certa. O amor torna inteligente, ao contrário da paixão, que cega. Não fosse a cegueira, você já teria se afastado do homem por quem está apaixonada. Já teria entendido que é melhor ficar à espera da manifestação de Cupido do que simplesmente ficar.

Isso significa se expor à flechada, assim como quem ouve música ou se expõe ao sol.

  

O AMOR TORNA INTELIGENTE

 

Publicado em Fale com ela