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 NINGUÉM ESCOLHE PREFERÊNCIA SEXUAL

Sempre soube que sou gay, mas nunca aceitei isso e lutava contra mim mesmo. Só agora, aos 31 anos, descobri que nessa luta não há vencedor. Já saí com rapazes, porém quando o relacionamento podia virar namoro eu caía fora, terminava. Medo de que a situação escape ao meu controle.

Cheguei ao absurdo de ir a um puteiro para me convencer de que não sou gay. Fui para o exterior, numa tentativa frustrada de fugir de mim mesmo. Depois, comprei um apartamento, acreditando que,se me tornasse independente da minha mãe, que é católica praticante, teria mais liberdade. Mas ainda não me mudei para lá,porque não estou preparado para viver sozinho. Invento mil desculpas para não ir.

Vivo brigando com o meu inconsciente, a ponto de somatizar. Tenho dores de cabeça. Parece que um outro “eu” quer sair de dentro de mim. O tempo passa e eu não estou vivendo… estou morrendo aos poucos.

 

 

Você não duvida da sua homossexualidade, mas não se entrega a ela. Quer se tornar independente da mãe, mas não consegue. Está num beco sem saída e corre o risco de continuar nele se o “eu” a que você se refere não for escutado. Procure um analista. O inconsciente é como a esfinge, que diz: “Decifra-me ou te devoro”. Precisa ser decifrado.

Conhecendo-se melhor, você descobrirá um modo de lidar com a sua sexualidade e com a sua mãe, católica praticante. Saindo enfim de casa e vivendo o amor à distância dela. Ou mesmo dizendo à sua mãe que a igreja faz o elogio da vida, porém condena o homossexualismo e esta condenação tem consequências graves. Pois ninguém escolhe a sua preferência sexual e a renúncia ao sexo pode ser fatal.

A sua última frase “estou morrendo aos poucos” é verdadeira. Porque viver sem vibrar não é viver. Agarra a tua hora. Não perca mais nenhum minuto, pois o tempo é o maior dos bens. A velocidade é a única maneira de combater a rapidez do tempo que passa.

 

Publicado em Quem ama escuta

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