consulta com Betty Milan

O OUTRO

Vivi 12 anos com uma mulher maravilhosa. Mas, três anos depois do nascimento do nosso filho, ela começou a ter crises de depressão e a cada vez saía de casa, alegando que a casa não era nossa, porque morávamos com minha mãe, meu irmão e minha irmã. Em 2004, ela alugou uma kitchenette e nós passamos a morar em casas separadas. Meu filho ficou comigo, e ela levou a mãe para a kitchenette.

De pirraça, eu não ia à casa dela e a tratava com frieza. Como ela se queixava de solidão, eu cheguei a acreditar que ela voltaria para a minha casa. Não foi o que aconteceu: ela hoje está com outro. Além de ser o chefe do setor de informática da empresa onde ela trabalha, ele tem um bom automóvel. Como pode ela, que sempre foi contra esse tipo de relacionamento, se envolver assim? Diz que está loucamente apaixonada e feliz. Sei que eu praticamente a entreguei a ele, mas ela esqueceu a família, o marido, o filho. Sempre a amei. Será que devo desistir ou será que devo falar com ela para que faça um tratamento psiquiátrico?

 

Deus meu! Ela se deprimia e saía de casa porque não suportava viver com a sogra. Você não tomou uma providência para resolver o problema. Depois, se recusou a encontrá-la na kitchenette, porque não suportava que ela não tivesse aceitado as suas condições. Estava mais interessado em dobrá-la do que em amá-la. Decididamente, não havia entendimento. E você agora estranha que ela se entregue à paixão que está vivendo e se distancie da sacrossanta família. Estranha a ponto de considerar que ela precisa de um psiquiatra. Por estar apaixonada e feliz?

A psiquiatria não pode estar a serviço da repressão, embora ela tenha servido e ainda sirva para isso. Sobretudo nos manicômios judiciários, onde, em nome da loucura, os criminosos ficam presos sem julgamento.

Você precisa se perguntar por que perdeu o trem, além de rever o seu conceito de amor. Quem ama sabe contentar o amado. Seja como for, você agora tem que cuidar da sua vida e do seu filho. Boa sorte nisso.

 

 

REPRIMIR NÃO É FUNÇÃO DO PSIQUIATRA

 

Publicado em Fale com ela