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GRÁVIDA A CONTRAGOSTO

Há três anos, conheci um homem de quem eu não gostava muito, mas acabei engravidando e nós fomos morar juntos. Ele nunca me ajudou, nem financeira e nem psicologicamente. Também nunca deu nada para a minha filha. Sempre paguei tudo.

Além de não me ajudar, ele me traiu com uma conhecida nossa, casada e mãe de três filhos. Perdoei a traição. Um tempo depois, por ter atrasado no aluguel, fui obrigada a sair de casa e morar com a minha sogra.

Não quero mais saber dele, só que eu engravidei de novo. O que fazer?

 

Você não gosta do homem, mas acaba engravidando. Ele não ajuda em nada e trai, mas é perdoado. Você deixa de se interessar por ele, mas fica grávida de novo. Parece letra de canção, só que é o texto trágico da sua vida.

Como é possível que você tenha concebido uma primeira e uma segunda vez sem querer? O que explica isso?

E como é possível que ele não tenha se cuidado para que você não concebesse primeiro uma filha que ele não assumiu e depois o atual embrião? Só mesmo porque a tradição sexual datada do Descobrimento continua a vigorar, a dos portugueses com as índias, cujo rebento era o filho exclusivo do gozo. Os bandeirantes, como os descobridores, também cantavam em qualquer galinheiro e depois até faziam um testamento pedindo à esposa que se ocupasse do seu bastardo. Cuida dele “pelo amor de Deus”.

Você me pergunta o que você deve fazer. Se você estivesse num país onde o aborto é legalizado, eu diria que, para poder trabalhar e educar sozinha a menina que já veio ao mundo, você deve abortar. Só que, no Brasil, o aborto não é legal e você vai dar a luz a uma criança que ninguém quer. Resta lembrar que ela não pediu para nascer.

 

 BRINCADEIRA TEM HORA

 

Publicado em Fale com ela