AVIDEZ

Don Juan é  narcísico e egocêntrico. Mas ele pode ser irresistível como no  primeiro romance que eu escrevi,  há décadas atrás. A personagem por um lado menospreza Don Juan e, por outro, o admira.   

 

Recebeu o parceiro como o faria depois durante anos a fio, despindo-se para o venha-o-que-me-deres, oferecendo-se às manhas todas do seu gozo. (…) Medo de se separar e de o perder, menosprezando-o pelo donjuanismo, invejando-o pelo fogo que acendia. (…)

Amava-o na incerteza do retorno, esperando-o nas tardes longas consumidas à janela, olhar no vazio da praça, no descampado do horizonte. Amava-o entregando-se toda noite à avidez que tinha, esquecida do tempo até o amanhecer.

 

A trilogia do amor/O sexophuro

Emiliano Di Cavalcanti, “Moça na janela”, óleo sobre tela, 1957, Bolsa de Arte

Comentários sobre "AVIDEZ"
  1. Já dizia minha sábia mãezinha que está em outra dimensão, o saber não ocupa espaço…Independe de classe social.
    Devemos nos esforçar e aprender o hábito da leitura! 👌

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