QUEM NÃO TEM O PAÍS NATAL PODE TER A TERRA

A palavra diáspora vem do grego. Designava primeiro a dispersão de uma comunidade através do mundo. Depois, passou a designar o conjunto dos membros de uma comunidade que se dispersaram.

Sou descendente de uma diáspora e, durante a minha infância, o fato de ser neta de imigrantes me envergonhava; eu era vítima da xenofobia dos conterrâneos. Por sorte, na maturidade, me dei conta de que a diáspora, por um lado, priva o sujeito do país natal, mas, por outro, faz dele um cidadão do mundo – ela pode ser um abra-te sésamo. O sujeito perde por um lado e ganha por outro.

nadinha

A palavra múmia sempre me remeteu ao Egito. No entanto, a prática da mumificação já existia na América do Sul, 3 mil anos antes de existir no Egito. Para preservar os mortos, os chinchorros tiravam os músculos e as vísceras do cadáver e cobriam o corpo com barro. Até hoje, as múmias dos chinchorros existem e estão expostas no Museu de Arte Pré-Colombiana de Santiago. Só por ter viajado, eu descobri que os egípcios não foram os únicos a querer eternizar os mortos.

Pavilhão Chinchorro, Museu de Arte Pré-Colombiana, Santiago, Chile, foto, sd

Comentários sobre "QUEM NÃO TEM O PAÍS NATAL PODE TER A TERRA"
  1. Betty, Minha primeira viagem foi aos dez anos de idade. Eu queria conhecer o que os adultos enchiam a boca pra dizer: “lá na fazenda”. Se iluminavam, sorriam. Depois fui mais perto: queria conhecer o asilo onde moravam as pessoas que passavam sozinhas e mal vestidas pela minha rua e moravam “o asilo”.
    Quando deixei minha cidade natal, não parei de viagem. Paris/Roma/Dakar, nessa horda/ordem em 3 anos. Sou filha da diáspora dos que não fizeram as malas e levaram lembranças materiais. Estou medo no deserto, na neve, no sol do cerrado, nas cachoeiras, e nas praias…Obrigada pelo seu delicado post.

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