O SEXO FOI SINÔNIMO DE VERGONHA

Na sua célebre carta sobre o Brasil, Pero Vaz de Caminha conta ao rei que viu no país recém-descoberto praias parmas e mulheres nuas, “sem vergonha das suas vergonhas”. Nunca esqueci essa frase, em que a palavra vergonha é primeiro sinônimo de pudor e depois de sexo. Talvez por ter sido assim no século XVI e porque depois não deixou de ser. Basta ler Nelson Rodrigues para constatar isso. Numa das suas peças, Álbum de família, uma personagem trata a outra de sem-vergonha pelo fato de não ser casta.

nadinha

Dionísio, filho de Zeus e da mortal Sêmele, não vive no Olimpo; ele é um deus errante, como só podia ser o deus da vinha, do vinho e do excesso. Foi na Grécia, com a procissão, o kômos, e os ditirambos, hinos que homenageavam Dionísio, que nasceu o teatro. Por isso, ele foi e sempre será o espaço sagrado da ousadia.

Dionísio errante entre vinhas e marinheiros transformados em golfinhos, porque quiseram sequestrá-lo, vaso decorado, século VI a.C.